Dada a largada da colheita da soja, nosso principal grão, envolve muitos recursos financeiros para a cadeia produtiva. Isto é indiscutível. Mas, como sempre “há controvérsias”.
A área cultivada saltou de 1985 com 4,99 milhões hectares para 2025 com 6,7 milhões. Mais uma vez as condições climáticas não foram favoráveis. No início, chuvas em excesso, depois veio a falta. Prejuízos grandes se comparado às expectativas iniciais. A safra em andamento vai representar 17% menos para a soja e 7% para o total de grãos. As chuvas de verão previstas era de 400 a 500 mm e choveu 250 mm no Rio Grande do Sul.
E as previsões para início de outono são chuvas abaixo da média e temperaturas amenas. Pelo menos a evapotranspiração será menor que as de verão.
A produção de soja acontece se utilizando os recursos naturais disponíveis. O crescimento da área tem sido em substituição de outros cultivos como milho, feijão, batata, cana, mandioca, pastagens e por aí vai. A agricultura familiar que resiste são pequenas ilhas no meio da soja. A expansão para fora da região tradicional vem ocupando boa parte da Mata Atlântica que representa cerca de 33% do estado e com desmatamento diminuindo cada vez mais a cobertura vegetal. Nos últimos anos o plantio vem descendo para o Bioma Pampa 66% da área do estado ocupando áreas de matas e pastagens nativas típicas. Claro isto tudo repercute na fauna e flora com muitos animais e plantas ameaçados de extinção ou já em extinção.
O solo destas áreas, salvas as exceções que usam tecnologia adequada de conservação do solo, estão sendo degradados. Muitas das vertentes, fontes, banhados, canais naturais de drenagem, compactação do solo, pé de arado etc.…estão ajudando a diminuir também a produtividade. E principalmente as reservas de água no solo. Se refletindo quando há condições climáticas adversas. Alguns produtores por dificuldade de idade, mão de obra, em fim menos condições físicas, terminam arrendando as terras. Quantos tem cláusula que ao final do contrato deve ser recuperado o solo? Será que houve rendimento?
Outro recurso natural a “mão de obra” está diminuindo drasticamente. O êxodo rural continua, e está mão de obra está indo para áreas urbanas, construção civil, pequenos serviços e mão de obra de indústrias. E já estamos “importando” mão de obra estrangeira de venezuelanos, africanos de vários países, árabes e tantos outros. Que sejam bem-vindos.
As máquinas agrícolas modernas com mais eficiência, se em parte diminui o uso de mão de obra, por outro lado, emprega outros com mais conhecimento e preparo para o seu uso com melhores salários.
Iniciou a safra o preço desta “commodities” de baixo valor agregado, fica ao sabor dos interesses internacionais, e sobe e desse conforme os importadores e o dólar querem. Em fim, eles é que ganham.
Os produtores são a parte mais fraca. O banco que emprestou o dinheiro não abre mão de seu ganho. Tanto que está “securitização” o produtor apenas quer estender o pagamento. O Governo do Estado também não ganha já que não recebe o ICMS devido a lei Kandir (1996) que isenta produto de exportação. Mas, precisa manter a logística para escoamento da safra e outras obrigações.
Saudades de outras épocas com propriedades diversificadas, famílias envolvidas e boa parte da alimentação colhida na propriedade. Para não dizer que me esqueci da soja o cultivo orgânico pode ter futuro. Sistemas agropastoril, agrosilvipastoril e agrofloresta também. Saudosismo? Se tiver uma propriedade assim, ajeita, faz um curso e parte para Turismo Rural. Serão exceção nesta monocultura.
FONTE: Grupo Independente