Em 1999 era fundada em Arvorezinha a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), uma iniciativa que exigiu o empenho e a dedicação de voluntários, familiares e simpatizantes à um causa tão bela: construir os caminhos da igualdade, a despeito dos preconceitos com as diferenças.
Arrojada e inovadora para a época, a proposta dos pioneiros da Apae de Arvorezinha se dispunha a valorizar e reconhecer os direitos humanos das pessoas com deficiência, que passam, necessariamente, por concepções relacionadas à inclusão, acessibilidade e autonomia. O atual presidente da Apae de Arvorezinha, Marcelo Meotti, reconhece o trabalho de quem acreditou e fez acontecer. “Em 1999 um grupo de pessoas teve a coragem de enfrentar algo que, na época, era ‘diferente’, ou seja, buscar a implementação de uma escola especial numa cidade pequena. Esse grupo foi até a Apae de Passo Fundo para entender seu funcionamento, e desde então, muitas mãos foram colocadas para a entidade estar no patamar que está hoje”, relata.
Meotti agradece a todos os voluntários que ajudam a entidade de alguma forma. “Em agosto foi comemorado o Dia do Voluntário e ser voluntário é algo espontâneo que torna a pessoa melhor. É algo muito gratificante, inclusive incentivo as pessoas que ainda não realizam esse trabalho para que doem o seu tempo, pois é o que temos de mais precioso na vida”, disse.
A diretora da Apae, Maikeli Pancotte, comenta que nesses 25 anos de história a Apae sempre foi muito importante para a comunidade. “Foi muito importante também para nós, pois todos os colaboradores que fazem parte dessa história com toda a certeza deixaram um pouco da sua essência na entidade, mas a entidade também deixou sua essência neles, e isso é muito bonito, é muito bom. Eu me sinto gratificada por poder estar na Apae onde trabalho há cinco anos e meio. É uma história de dedicação, de oportunidades, de crescimento”, destacou.
Maikeli fala ainda sobre a importância de receber o carinho da comunidade. “Fazemos um trabalho sério e com muita dedicação, afinal, estamos trabalhando com vidas, com pessoas que são muito importantes para a sociedade e que precisam ter o seu espaço, ter os seus direitos garantidos. Atuamos para ser o suporte que os usuários e famílias necessitam”, relatou.
O acolhimento é essencial, segundo ela. “Além da questão financeira, que é algo que precisamos lutar diariamente e sempre contamos com o auxílio da comunidade, a qual somos muito gratos, acredito que o que as pessoas mais podem fazer pela nossa entidade é acolhe-la. Nós já somos sim muito agraciados, mas ainda existe na sociedade muito preconceito, muita dificuldade de aceitação. Por isso estamos sempre de portas abertas a quem queira conhecer nosso trabalho, sendo que atendemos desde recém-nascidos até os idosos com necessidade especiais, além de seus familiares, desenvolvendo várias ações, por isso, precisamos ser acolhidos com respeito, dignidade e humanidade”, citou ela.
Maikeli enfatiza: “E a questão do preconceito geralmente vem dos adultos, mas todos são iguais nas suas diferenças. Todos somos diferentes, mas precisamos viver em harmonia. Todos têm o direito de frequentar a sociedade livremente. Não é um laudo que define nossos alunos, e nós, vibramos a cada evolução deles”, comentou.
Meotti complementa: “Nossos usuários são pessoas que tem suas capacidades, as quais ajudamos a desenvolver cada vez mais, mas cada um no seu tempo. Gostaríamos que a sociedade viesse para dentro da Apae, conversasse conosco e entendesse mais sobre nosso trabalho. Temos aulas de segunda a sexta-feira e uma gama de serviços para oferecer e ajudar as pessoas que necessitam”, disse.
Outro ponto comentado por ele é o aumento do número de casos de autismo. “A cada 24 nascimentos é possível que tenhamos um autista dentro dos próximos anos e diante disso precisamos preparar nossas Apaes”, salientou.
Maikeli também debate a respeito. “Essa questão do autismo sempre existiu, mas notamos que sim, gradativamente tem tido um aumento não só de autismo, mas de deficiência intelectual e de epilepsia também, e precisamos nos adaptar. Precisamos de novas políticas públicas e incentivos, e precisamos ter profissionais capacitados em áreas específicas. Atualmente 17 profissionais fazem parte da Apae e eles estão sempre se atualizando, pois nenhuma das deficiências tem um roteiro mágico, cada paciente se comporta de uma forma diferente”, frisou.
Projeto de construção na nova sede
Segundo Meotti, muitas coisas estão encaminhadas, inclusive via Governo, para que se torne realidade a construção da nova sede da Apae. “Estamos achando os caminhos para conquistar os recursos. Se não tivéssemos dado um pontapé inicial a exemplo da apresentação do projeto que foi feita à sociedade há um tempo atrás, isso ficaria na gaveta, e apesar de no momento não termos nenhum tijolo no terreno de quase 2 mil m² que foi cedido pela Administração Pública, estamos trabalhando nos bastidores. É um trabalho de formiguinha, mas acredito que vamos conseguir concretizar esse sonho que não compreende só Arvorezinha. Queremos que os municípios vizinhos possam trazer seus usuários para nossa Apae que será um centro de referência regional”, falou.
Jantar comemorativo aos 25 anos
No dia 24 de agosto a Apae promoveu seu tradicional jantar, o qual reuniu mais de 800 pessoas. “Foi uma meta colocada pela diretoria e foi alcançada. Isso foi uma resposta da comunidade para nós”, comemora Maikeli. “Tivemos um número expressivo de patrocínios e inclusive agrademos aos patrocinadores, a todos que se fizeram presentes e principalmente a todos que trabalharam para esse evento ocorrer. Tivemos um grande resultado e nos próximos dias prestaremos contas”, destacou.
Meotti, também fez sua avaliação. “O trabalho que realizamos é revelado nesses jantares. As pessoas contribuem porque sabem do nosso trabalho e sabem que o lucro é destinado aos quase 70 atendidos por nós”, ressaltou.
Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla
É celebrada de 21 a 28 de agosto de forma nacional, onde todas as Apaes, dentro desse período, trabalham temas em específico. “Nesse ano o tema trabalhado pela Federação Nacional foi ‘A nossa história’, que vem bem a calhar com o momento que a Apae de Arvorezinha vive ao completar 25 anos de trajetória”, disse Maikeli.
Ela conta sobre a programação realizada pela Apae de Arvorezinha. “Iniciamos no dia 19 de agosto com uma reunião com a rede de educação do município para alinharmos os trabalhos; tivemos gincana interna; passeios; o tradicional Pedágio do Carinho e a Feira do Artesanato; participamos do Encontro Regional de Auto Defensores em Teutônia; e estivemos em Venâncio Aires participando 18º Encontro Regional das Apaes, sendo que no ano passado foi sediado em Arvorezinha. O tema do encontro foi ‘Menos estresse e mais saúde”, com o intuito de nos fazer refletir que como profissionais, também precisamos cuidar de nós e estar bem para cuidar do próximo. Encerramos nosso cronograma com a celebração da santa missa”, revelou.
Meotti fez as considerações finais: “Realizamos as programações para fazer uma integração entre nossos atendidos e a sociedade, criar esse elo para as pessoas conhecerem nossos especiais e as capacidades que eles têm”, findou.
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