Em entrevista ao Mate Papo do Correio do Mate, a pesquisadora e coordenadora de projetos Ariana Maia, ligada à APPEMATE – Associação dos Produtores e Parceiros da Erva-Mate do Alto Taquari, falou sobre os avanços na pesquisa, na valorização do produto e nos desafios do setor ervateiro da região.
Ariana explicou que a APPEMATE passou por atualização em sua nomenclatura para incluir explicitamente o produtor rural, reconhecido como figura central no processo da Indicação Geográfica (IG) da erva-mate do Alto Taquari. Segundo ela, nos anos de 2024 e 2025 a associação intensificou ações de pesquisa, desenvolvimento e comunicação, com foco em compreender e qualificar aquilo que historicamente sempre foi atribuído à região: a “suavidade” da erva-mate.
De acordo com os estudos apresentados, a erva-mate do Alto Taquari se diferencia por ser produzida em solos basálticos e riolíticos (terra vermelha e terra branca), aliados a condições climáticas favoráveis. A suavidade, antes tratada de forma subjetiva, foi identificada tecnicamente como resultado do baixo amargor, com presença de notas cítricas, doces, refrescantes e vegetais, atribuídas a compostos naturais da planta.
Durante a conversa, Ariana destacou a necessidade de o setor avançar além da tradição cultural do chimarrão e passar a comunicar também os benefícios funcionais da erva-mate. Ela ressaltou que o produto é um alimento natural, rico em compostos bioativos como antioxidantes, flavonoides, ácido clorogênico e cafeína de absorção mais lenta, que contribuem para o metabolismo, a proteção celular e a qualidade de vida — sem atribuir caráter milagroso ao consumo.
Outro ponto abordado foi a necessidade de maior integração entre produtores, indústria e pesquisa, superando práticas extrativistas e individuais. Para Ariana, a qualificação do produto, a melhoria de processos e a comunicação adequada são caminhos essenciais para agregar valor, reduzir custos produtivos e enfrentar a histórica instabilidade de preços do setor.
A entrevistada também relatou a participação da APPEMATE na COP 30, onde foi apresentado o único painel dedicado à erva-mate no evento. Na ocasião, foram discutidos temas como descarbonização, sustentabilidade, microbiologia do solo e potencial da erva-mate como produto da biodiversidade da Mata Atlântica. Ariana ainda conduziu uma degustação guiada, que despertou grande interesse de participantes de diferentes regiões do Brasil e do exterior.
Encerrando a entrevista, Ariana Maia reforçou que o futuro da erva-mate passa pelo conhecimento, pela comunicação e pelo trabalho coletivo, defendendo que o setor precisa olhar o produto com mais profundidade, propósito e valorização, para que ele continue sendo não apenas um símbolo cultural, mas também um alimento diferenciado e competitivo no mercado. A entrevista completa está no Correio do Mate TV.
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