O cientista brasileiro Alysson Muotri, que chefia o laboratório de pesquisa Muotri Lab, na Universidade da Califórnia, em San Diego, nos Estados Unidos, fará uma missão espacial com a Nasa entre o fim de 2025 e o começo de 2026. O objetivo da viagem é analisar a progressão de doenças neurológicas e buscar tratamentos — ou até a cura — para os níveis mais severos do transtorno do espectro autista e do Alzheimer.
Analisando os impactos da microgravidade no cérebro humano, ele e mais quatro cientistas serão os primeiros pesquisadores brasileiros a viajar para o espaço. Ainda não há definição de outros nomes que devem participar da expedição.
O grupo embarcará no foguete Falcon 9, da SpaceX, para a Estação Espacial Internacional (ISS), com suas ferramentas de estudo: organoides cerebrais. Popularmente conhecidos como “minicérebros”, são pequenas estruturas com neurônios, criadas a partir de células-tronco de diferentes indivíduos vivos, que “imitam” aspectos do funcionamento do órgão.
Os cientistas levarão organoides derivados de pacientes que tiveram Doença de Alzheimer e, outros, do espectro autista — principalmente, de quem necessita de acompanhamento constante e corre risco de vida.
Não é a primeira vez que o laboratório envia organoides ao espaço. Desde 2019, realiza missões espaciais, mas sem a presença de cientistas.
Os “minicérebros” viajam em caixas automatizadas, as quais são plugadas em tomadas para funcionarem durante um período determinado pelos pesquisadores.
“Uma vez plugado, eu tenho acesso a essa máquina e controlo o experimento aqui da Terra”, explicou Alysson Muotri, em entrevista à CNN.
Após a missão, descobriram que os organoides envelhecem no espaço: 30 dias em missão espacial equivalem a 10 anos na Terra para os “minicérebros”.
Então, por que as respostas para cura e tratamentos do autismo e Alzheimer podem estar na microgravidade? Segundo Muotri, ao levarem os organoides para o espaço, seria como se os cientistas viajassem no tempo.
“O aceleramento do desenvolvimento ou do envelhecimento dos organoides cerebrais permite que a gente estude o que acontece em outras etapas da vida da pessoa”, explicou ele.
Fonte: O Sul