Para compreender o comportamento de uma criança com autismo é necessário ir além do que os olhos podem ver. É impressionante como o cérebro do ser humano tem o poder de responder de múltiplas formas, dependendo da situação. Para compreender o comportamento destas crianças, podemos considerar várias alternativas, inclusive, a influência do comportamento dos adultos com os quais a crianças convivem.
Muitas vezes, chegamos em sala e colocamos uma folha sobre a mesa do aluno, independente de ele ter ou não um diagnóstico, e seguimos falando sobre assuntos variados que não dizem respeito ao que estamos fazendo. Para mentes típicas isso pode parecer padrão, mas não para as atípicas. Quando falamos em autismo precisamos seguir uma rotina, dar previsibilidade no que vamos fazer,não deixar o aluno autista inseguro sobre o que será feito. A atividade precisa ser apresentada de uma forma clara para que o cérebro da criança não seja surpreendido.
Ser surpreendido, para a criança, é tão assustador quanto para o adulto quando alguém lhe oferece um produto que ele tenha resistência em comprar. O cérebro do adulto, nesse momento, recebe vários estímulos difíceis de serem administrados ao mesmo tempo. O que diferencia uma situação da outra é que as crianças com autismo têm dificuldade ou não conseguem expressar o que sentem; já o adulto, ao ser observado, manifesta seu comportamento com palavras, expressões, muda o comportamento! E essa é a peça chave do assunto, o comportamento do ser humano se modifica de acorco com o ambiente, de acordo com as pessoas que interagem na situação, com o humor dos sujeitos envolvidos, com tudo que está a sua volta. Por que seria diferente com nossos autistas?
Muitas vezes ficamos confusos com determinadas situações e precisamos de tempo para pôr em ordem nossas ideias. Imagina como é difícil para quem não consegue se expressar? Como se torna confuso experienciar uma situação sem estarmos preparados para ela? Quanto tempo demora para nos adequamos ao aceite daquilo que é diferente do que estamos acostumados? Nessas situações, surgem os (pre)conceitos, as falas carregadas de desconhecimento, de vergonha e de expressões de descaso. Mas confessemos, é possível perceber diversos sorrisos como quem diz: “tudo bem, você que sabe, eu só estou aqui”. E sinceramente, é disso que precisamos, que as pessoas somente estejam lá,fazendo o que precisam fazer da melhor forma possível.
Autistas precisam de previsibilidade, atividades estruturadas, organização, rotina e até ousaríamos ir mais longe e questionar: não seria bom isso tudo para todos os alunos? Eles não ficariam mais seguros do que está sendo feito e aceitariam melhor?SEGURANÇA, talvez essa seja a palavra que representa o guarda-costas do comportamento.
Pessoas manifestam seus comportamentos por meio de interações sociais, movidos por sentimentos e pensamentos. Refletem em atitudes e ações, mostram seu humor e até diria a sua essência pela forma como tratam as pessoas easimesmae vamos combinar, ninguém consegue fingir sempre, é só questão de tempo.