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Em 15 de novembro de 1889, o Brasil assistiu a um dos momentos mais decisivos de sua história: a Proclamação da República. Este evento não só marcou o fim de mais de 60 anos de monarquia imperial, como também representou a transição para um modelo de governo republicano, fundado em princípios como a soberania popular, a democracia e a separação dos poderes.

Contudo, além de celebrar a data, o Dia da Proclamação da República é uma oportunidade para refletirmos sobre o significado dessa mudança histórica e sobre os rumos que nossa República tem tomado ao longo dos mais de 130 anos de existência.

A transição da monarquia para a república no Brasil foi motivada, entre outros fatores, pela insatisfação com o regime imperial, que já apresentava sinais de esgotamento. A estrutura de poder centralizada em torno da figura do imperador Dom Pedro II não correspondia mais às demandas de uma sociedade que começava a se industrializar, a urbanizar e a diversificar seus interesses. Contudo, a instauração da república não significou, de imediato, uma verdadeira transformação das estruturas sociais, políticas e econômicas do Brasil.

O golpe militar que depôs Dom Pedro II, instigado por um grupo de militares, intelectuais e setores da elite, trouxe à tona um modelo republicano que, no entanto, não conseguiu romper com a herança oligárquica e excludente que ainda marcava o Brasil.

O país continuava sendo dominado por grandes oligarquias rurais, sobretudo nas regiões de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, que alternavam-se no poder nas chamadas “políticas do café com leite”. Além disso, a escravidão só foi abolida três anos antes, em 1888, o que deixou profundas cicatrizes sociais e raciais no tecido do país.

A Proclamação da República, então, embora tenha sido uma mudança de sistema de governo, não representou, de forma plena, uma mudança de paradigma político e social. As velhas práticas de concentração de poder e de exploração das camadas mais vulneráveis continuaram a ser a tônica da política nacional, e muitas das promessas republicanas de liberdade e igualdade se mostraram vazias ou limitadas a uma pequena elite.

Que o 15 de novembro nos inspire não apenas a comemorar, mas a trabalhar incansavelmente para que a República brasileira seja, um dia, um reflexo do que a Constituição de 1988 tão bem definiu: um país livre, justo e solidário.

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ROGER CUNHA NICOLINI

Coluna Café com Pimenta com Germerson Santos

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