Cesar Augusto Pierezan é o terceiro, de quatro irmãos. O Espumosense é filho de Artênio, agricultor e Elvira (in memorian), professora. Ele conta que foi alfabetizado por sua mãe, Elvira Fetalian Pierezan e também por Neusa Barbosa na Escola José de Anchieta na Serra dos Engenhos interior de Espumoso. Da quinta a oitava série, estudou no Instituto Ruy Piégas Silveira e com 13 anos de idade, foi a Bento Gonçalves/RS fazer o curso de Técnico em Agropecuária, isso por três anos, entre 1990 a 1993. “Lá eu obtive a Menção Honrosa “MEDALHA DE OURO DO GRUPO DREHER”, como o melhor aluno do curso de Técnico em Agropecuária, juntamente com outro colega do curso de Enologia. Também fiz bons e sinceros amigos e encontrei professores que me deram muitas lições acadêmicas e de vida. Mas isso, nunca me subiu para a cabeça, pois é muito relativo avaliar uma pessoa só por suas notas, pra mim o que vale é o que a pessoa tem de talento.”, afirma.
Hoje Cesar é Graduado como Tecnólogo em Processos Gerenciais é especialista EaD em Engenharia da Produção, é especialista em Gestão do Agronegócio (MBA) e está cursando sua terceira especialização em Gestão da Inovação em Organizações Cooperativas, com previsão para concluir em 2022. “Tenho também experiência na área de Administração com ênfase em Administração de Empresas, concluindo pela FAEL o meu bacharelado em 2022, e a mais de 28 anos estou ainda no seu primeiro emprego. Sendo que há 23 anos, ocupo o cargo de administrador industrial da Unidade 10 da Cotriel.”, conta.
Quando a paixão pela literatura começou
Cesar conta que teve a oportunidade de ter uma formação diferenciada numa Escola Federal na época, quando adolescente. E segundo ele deste período que veio o gosto pela literatura, com as saudosas e queridas professoras NONETA e ROSA da Disciplina de Língua Portuguesa.
“As aulas espetaculares de gramática, de estilos e períodos literários, pois tínhamos que decorar poemas, de autores consagrados e apresentá-los aos colegas e as docentes nos avaliavam, desde a dicção, postura, gesticulação, entonação de voz, erros, e dramaturgia. Enfim, na época, eu e a turma, achávamos o maior “MICO”, mas se tornou a minha paixão! Meus poemas favoritos que tive que decorar e memorizar foram de Carlos Drumond de Andrade, “Teus ombros suportam o mundo” (parece até que foi feito hoje, de tão atual que é sua mensagem) e de Vinícius de Moraes, “O Soneto de Fidelidade”, pois sempre acreditei que temos que ser fiéis a nós mesmos, aos nossos princípios, aos nossos valores, aos nossos amores. Enfim, de certa forma, adotei estes poemas como estilo de vida”, conta.
E nasce um escritor
Um escrito não tem tempo e nem hora pra surgir, simplesmente acontece, é talento e foi assim que nasceu um escritor dentro de Cesar. “Eu não sabia que tinha algum perfil para escritor, até que um dia, logo após meu casamento, minha sogra sofreu um atropelamento em Passo Fundo e todos os médicos falavam que iria ficar tudo bem com ela, afinal, eram só algumas fraturas! Que nada. Em 72 horas veio a falecer aquela adorável pessoa que muito eu estimava. A noite foi tão agoniante, e impotente, ouvindo seus gritos e gemidos no Hospital, quando encontrei um pedaço de rascunho e escrevi no verso, os meus primeiros poemas que são: “OS SONHOS PERSISTEM” e “VINTE E QUATRO HORAS”.
E assim segundo ele foi o começo como escritor, sendo que logo alguns meses após o ocorrido, ao acaso, ou pela força do destino, ao Cesar ler o Jornal Correio do Povo, havia um anúncio de um concurso de poemas, e o mesmo se inscreveu e se classificou e no ano de 1999 pela Shan Editores de Porto Alegre, o Cesar teve os seus primeiros poemas acima citados, publicados numa Coletânea Poética.
“E de lá para cá, já passam de 40 certificados de concursos de poemas que fui premiado. Em 2004, foi publicado a primeira edição do livro o Monstro do Jacuí, com tiragem de 500 exemplares. Em 2008, virou tema do Histórias Extraordinárias do RBS TV e em 2012, 2000 exemplares para todo o Brasil e alguns no exterior, como Curação que tem o livro do dito Bicho do Jacuí. Se é verdade eu não sei, mas mexe com a
curiosidade das pessoas e instiga as crianças, anciãos e adultos a ler – eis a minha missão. Já em 2014, consegui publicar meu livro de 146 págimas com contos e lendas da região: O poço das moças do Rio Caixão, A Caverna da Guanabara, O monstro do Jacuí. E em 2015, veio a surpresa, o reconhecido com o Prêmio Cultura Nacional no Palácio Anchienta em São Paulo com a publicação deste livro”, salienta.
Comenta que resolveu escrever essas histórias para deixar um legado, às suas filhas Júlia Pietra e Maria Eduarda, pois segundo Cesar não havia registros destes contos, só o que havia era comunicação verbal aqui na região que ia passando de pais para filhos. “Então resolvi misturar lendas, ficção e realidade com o Poço do Pançudo, que tive o privilégio de conhecer e existe aqui próximo a cidade, perto do moinho e a história real do Monges Barbudos que foram massacrados na Era do Estado Novo, durante a Ditadura de Getúlio Vargas, de certa forma, provocar as pessoas daqui para lerem mais e estudarem mais, pois temos uma região lindíssima, com um povo maravilhoso de muitas etnias, e que no passado as coisas eram muito mais difíceis sim”, evidencia. Para ele é possível, com coragem e determinação, mudar o ambiente em que se vive.
Honrarias
“Meus versos livres e soltos clamam por justiça e equidade social. Ora despertam para a reflexão, ora são sátiros. Contemplam o amor e a saudade, na realidade do cotidiano”, comenta Cesar. Ele que é Membro da Ordem da Confraria dos Poetas – membro vitalício da Real Academia de Letras de Porto Alegre/RS, ocupando a Cadeira de Acadêmico Correspondente nº 10. E Academia Luso-Brasileira de Letras em 2021, Cesar segue recebendo suas honrarias merecidas.
“Em 2020, entrei para a Academia de Letras dos Municípios do Rio Grande do Sul, ALMURS, integra a Coletânea “Histórias Verídicas de Minha Terra” com o conto sobre os “BALSEIROS DO RIO JACUÍ” que banha a nossa cidade e as balsas de outros municípios da região, numa tentativa de resgatar a memória imaterial dos balseiros que tanto fizeram para desbravar essas terras”, especifica.
O escritor ainda conta que foi agraciado também com a Cadeira 116, no dia 15 de dezembro de 2021 em Porto Alegre, pelo Patrono Juarez Alves, na Academia de Letras do Brasil – Seccional do Rio Grande do Sul, onde tomou posse. “A cerimônia foi um momento especial e único, mágico, pois o poeta, o escritor, geralmente, no silêncio é que encaixam as palavras. Quantas vezes o silêncio, é o meu melhor amigo e a introspecção serve para a inspiração”, evidencia.
Para ele foi um momento onde sentiu uma enorme gratidão pela sua família e ancestrais, especialmente pela sua mãe e avô Levon Fetalian que segundo Cesar eram obstinados pelas letras. “Tenho a certeza que os meus esforços e noites sem dormir não foram em vão, pois de certa forma, instigo as pessoas que ler os meus trabalhos e também outros tantos livros de autores já consagrados, que servem de exemplo positivo. E com toda certeza é de grande valia usar e abusar de bons livros para o domínio de vocabulário e senso crítico, só assim será possível, construir uma sociedade melhor”, argumenta.
A importância da leitura e Novos projetos a caminho
“Ler, é ter novas CONEXÕES, novas possibilidades. Os maiores bilionários do mundo ainda lêem seus 40 a 50 livros ao ano. Por isso indico a leitura ao menos 1 a 3 livros mês, pois é possível lermos. Basta, acessar na sua telinha do celular, ou o livro físico mesmo, basta ter disciplina de 20 a 30 minutos ao dia para ler. Quando você começa a ler e percebe que não precisa ser muito por dia, pois torna-se mais prazeroso, leve e é bem mais difícil enganarem você”, argumenta.
Cesar salienta que a leitura trás uma melhora na qualidade de vida e agrega valor em todas as idades. Segundo ele acima dos oitenta anos o nosso cérebro ainda tem potencial para aprender e dominar novas palavras dos vocabulários. “Os neurônios não dormem, não descansam. E hoje em dia temos fácil acesso a informação, e em tempo real, pois temos uma rede de pesquisadores e escritores independentes que colaboram por meio de suas pesquisas preservar a nossa memória material e imaterial”, especifica.
No momento Cesar nos conta que possui pesquisas na área de genelogia também sendo coautor de alguns livros. “O projeto em construção: A SAGA TEXTOR: Entre amores e oceano! Vai virar documentário ou romance com certeza, pois tenho vasto acervo histórico fotográfico. A data provável para finalização, ainda esta a definir, pois a vida de escritor é feita de momentos, e esses momentos de inspiração são normalmente em algumas horas vagas de extremo valor”, salienta.