O governador Eduardo Leite participou, na manhã desta segunda-feira (5/8), da abertura oficial do 23° Congresso Brasileiro do Agronegócio, em São Paulo. No evento, que reúne anualmente as maiores liderança e empresas do setor, Leite falou sobre a extensão dos impactos na produtividade do campo provocados pela enchente de abril e maio no Rio Grande do Sul, e manifestou preocupação com a ausência de medidas efetivas por parte do governo federal para amparo aos produtores gaúchos.
“As medidas apresentadas até o momento, como demonstrado pela mobilização orgânica dos produtores rurais por meio do SOS Agro e também da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul, não contemplam a sequência de perdas acumuladas por duas severas estiagens, e que se agravaram profundamente com a tragédia recente”, afirmou.
Leite destacou que a Medida Provisória 1.247, editada pela União em 31 de julho, além de não tratar de renegociação de dívidas dos produtores, restringe a postergação de parcelas aos diretamente afetados pela enchente, quando os efeitos indiretos da catástrofe ampliam para muito além o comprometimento da produtividade no campo.
A apuração de prejuízos aponta que foram afetadas 206.604 propriedades e 19.190 famílias rurais. Além disso, 4.548 comunidades rurais enfrentaram problemas de escoamento, e houve perdas significativas em culturas de grãos – especialmente soja, fruticultura, olericultura, floricultura e pastagens.
Na pecuária, milhões de aves comerciais, milhares de bovinos e suínos e toneladas de pescado foram perdidos. E a produção leiteira que deixou de ser coletada passa dos 9,6 milhões se litros, afetando mais de 7,4 mil produtores. As perdas econômicas diretas são estimadas em R$ 3 bilhões, com impacto em ativos que pode chegar à casa do R$ 75 bilhões.
“Os prejuízos não se resumem às áreas que foram inundadas. Restringir as medidas de apoio a elas não é suficiente. Produtores que tinham dificuldade em arcar com seus compromissos financeiros, por conta das duas estiagens severas, agora viram suas lavouras apodrecerem pela impossibilidade de colheita. Precisamos de uma medida muito mais ampla e profunda do que a que foi apresentada até agora”, acrescentou o governador.
Representando o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, o assessor especial Carlos Augustin destacou anúncios do governo federal para alavancar a atividade no campo, em especial o Plano Safra. Augustin reconheceu que as medidas de amparo aos produtores gaúchos ainda não contemplam todas as demandas, mas reforçou o compromisso da União na busca por soluções mais abrangentes.
O congresso, realizado no Teatro do Sheraton Hotel na capital paulista, é promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), em parceria com a Bolsa de Valores de São Paulo (B3), com apoio de diversas empresas do setor do agronegócio e também do mercado de capitais.
Na abertura do evento, marcada por um vídeo em homenagem aos esforços de reconstrução do Rio Grande do Sul, o governador ainda agradeceu o apoio e as manifestações de solidariedade vindas de todo o Brasil, em especial ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que também compôs a mesa de abertura.
Desde o início da crise, além de fomentar e facilitar as inúmeras colaborações ao Estado, o governo gaúcho também efetivou uma série de medidas de amparo ao meio rural. Entre os destaques, estão o pagamento de horas-máquina e procedimentos emergenciais para trânsito da produção agropecuária e da coleta de leite – além do Programa Agrofamiliar, com investimento de mais de R$ 200 milhões no setor.
Também participaram da solenidade em São Paulo o secretário de Desenvolvimento Econômico do RS, Ernani Polo, o presidente da Abag, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, e o CEO da B3, Gilson Finkelsztain, além de representantes de outras entidades nacionais do agronegócio.
Texto: Carlos Ismael Moreira/Secom
Edição: Secom
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