Os limites que damos nas nossas vidas também nos definem. Quantas vezes
acreditamos que não somos capazes de algo e desistimos no meio do caminho?
Quando olhamos somente para as dificuldades, a vida parece bem mais
complicada. Porém, quando evidenciarmos possibilidades parece que os limites se rompem. Quando ensinamos uma pessoa com autismo, não é diferente.
Quando falamos em trabalho com a equipe multidisciplinar, estamos
propondo diálogo. Essa é uma forma de respeitar, de perguntar ao outro, que
caminha ao seu lado, o que ele pensa “sobre”. Ninguém é dono do completo saber, todos precisamos de ajuda, de trocar uma ideia, de perceber que não estamos sozinhos nessa jornada de descobertas (acertos e erros). Às vezes, queremos somente compartilhar nossas angústias e preocupações.
Talvez o diálogo seja a palavra que mais faça falta. Estamos tão ocupados
tentando sobreviver que as palavras transitam entre as pessoas como em um
telefone sem fio, transformando-se em facas afiadas e pontiagudas, rompendo os limites em uma outra proporção, não a desejada. É compreensível que muitos não queiram trabalhar em equipe, pois quando estamos juntos precisa haver parceria, cumplicidade, respeito, troca aberta. Nem sempre estamos dispostos a essa via de mão dupla.É compreensível.
Quando trabalhamos em equipe existe todo um planejamento e o cenário é
composto por vários atores, cada um desempenhando um papel em diferentes
contextos, com diversificados conhecimentos, mas não se pode perder a humildade de ouvir o outro. É como analisar a diferença entre os conceitos de sensação e percepção; pela epistemologia da palavra sensação nos remete aos cinco sentidos, mas pela percepção cada ser interpreta os sentidos de uma forma diferente. Por isso o trabalho em conjunto.
A nossa percepção nos diversifica de uma forma tão rica que fortalece os laços entre os envolvidos. Enriquece quem aprende e ensina de uma forma irreversível, ultrapassa os limites de uma forma positiva e estimulante. Torna-se tão automático que deixa de ser um “trabalho”, pois se torna algo prazeroso de fazer. Talvez ainda estejamos a tempo de romper os limites de uma forma positiva, depararmos de pensar que não é possível e penalizar situações que já podem ser consideradas NORMAIS para muitos, pois o normal também é relativo. Falamos de limites de conhecimento, e este é infinito.