Mirtilo, amora com maçã e uva branca com pitaya. Estes são alguns dos sabores diferenciados de sucos, oferecidos pela agroindústria da Família Frozza, de Putinga. Legalizado em 2019, com o apoio do Programa Estadual de Agricultura Familiar (Peaf) do Governo do Estado – operacionalizado pela Emater/RS-Ascar -, o empreendimento se caracteriza por fugir do convencional quando o assunto é a oferta de bebidas integrais de frutas – ainda que também comercialize sucos de uvas. “É um pouco mais desafiador por serem produtos de alto valor agregado”, salienta o agricultor, Rafael Frozza.
Formado em Enologia, o jovem de 34 anos explica que a ideia inicial era investir na vitivinicultura – a família, formada pelos pais Nadir e Maria, além do irmão Ismael e da namorada Morgana, tem a tradição do cultivo de uvas. “É algo que remonta ao tempo dos meus bisavôs”, comenta Rafael, que destaca ainda o ano de 2006, pouco após a conclusão do curso, como uma espécie de “divisor de águas”. “Foi ali que plantamos as primeiras mudas de mirtilo, de amora e de framboesa que, mais tarde, seriam comercializadas in natura, diretamente para o consumidor e para a indústria”, afirma.
A ideia de formalizar o empreendimento – tornando-o apto nas esferas fiscal, ambiental e sanitária – veio do fato de a produção de sucos para consumo da família, amigos e vizinhos ter ganhado “corpo” com o passar dos anos, especialmente a partir de 2015. “A gente elaborava de forma bastante artesanal, com o uso de panelas mesmo”, recorda o empreendedor. A saída da informalidade envolveu uma pesquisa de mercado e a percepção de que seria possível agregar mais valor com o processamento sendo feito na propriedade, diminuindo a dependência de terceiros.
“É claro que foi algo trabalhoso, por envolver não apenas as dúvidas sobre aceitação do produto, sobre encontrar seu ‘nicho’, mas também a necessidade de outros investimentos em equipamentos ou no prédio”, destaca Rafael. Com um pomar de 400 plantas de mirtilo que rendem uma tonelada de frutas por safra, e 400 de amoras que rendem duas toneladas por colheita, o produtor salienta que cerca de 30% das frutas são utilizadas para os sucos, com o restante tendo como destino empresas parceiras ou mesmo o consumidor.
Ao mirtilo e a amora soma-se um hectare de uvas das variedades Niágara, francesa e bordô, além de 100 plantas de framboesa que tem mais dificuldade para frutificar, já que necessitam de mais horas de frio em sua formação. Sobre o manejo, Rafael reforça o fato de ele estar muito próximo do que prevê o sistema de base ecológica, com o uso de adubação orgânica, coberturas verdes e armadilhas para pragas e insetos e um número mínimo de aplicações de produtos químicos. “E isso também garante a excelência no que diz respeito à matéria-prima”, diz.
Com uma produção média de 15 mil litros de sucos por ano no total, a família tem os pés no chão quando o assunto são futuros investimentos. “Temos a consciência de que a nossa estrutura é pequena, mas estamos falando de um tipo de cultivo que tem bastante exigência de mão de obra”, pontua. Ainda assim a satisfação dos consumidores e mesmo a comercialização em grandes feiras, como a Expoagro Afubra e a Expovale, além da venda por meio de políticas públicas como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), certamente compensam o esforço. “Vale a pena”, finaliza o agricultor.
Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar –