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As culturas de inverno, principalmente o trigo, sofrem com variações climáticas desfavoráveis à lavoura deste cereal, tão importante na alimentação mundial, pela produção de pães, massas e muitos alimentos fundamentais para homens e animais. Quando as condições climáticas são desfavoráveis, pelo excesso ou falta de chuvas, ou geadas na formação dos grãos, ocorre a queda no PH (Peso Hectolítrico que indica a massa de litros de trigo, expressa em quilos), que serve para medir a qualidade dos grãos. Tem um valor padrão de 78 kg/hl, podendo variar conforme a variedade do trigo.

Quando a PH fica abaixo deste valor, somado as impurezas e a grãos avariados, o trigo perde valor pela sua incapacidade de produzir farinha de boa qualidade. Nestas condições, o agricultor sofre prejuízo na comercialização, tendo que vender, com preços reduzidos, para a produção de ração animal. O maior cuidado nesta nova indústria é não colocar o trigo, que serve para fazer farinha e alimentos diversos, nos tanques de combustíveis, em detrimento a alimentação da humanidade.

O produtor rural Cássio Bonotto, de Santiago, localizado na região central do Rio Grande do Sul, resolveu construir uma usina para fabricação de Etanol de trigo, visando reduzir os prejuízos decorrentes das condições adversas da lavoura. O projeto teve investimentos de R$ 75 milhões da CB Bioenergia e R$ 35 milhões em incentivos fiscais do Governo do RS. Poderá ser produzido Etanol de trigo, milho, cevada e centeio. Outro benefício é a alimentação animal proveniente do farelo das sementes, após o processamento do álcool. Segundo o portal AGROLINK, o primeiro módulo da usina já está construído beneficiará 26 mil toneladas de trigo por ano, gerando 10 milhões de litros de Etanol e 8 mil toneladas anuais de DDG, que serve para a ração animal.

Analisando o investimento acima, podemos depreender que o próprio agro possui capital, tecnologia e capacidade para elaborar projetos alternativos na produção de combustíveis menos poluentes, utilizando como matéria prima, cereais que seriam vendidos a preços muito baixos, causando prejuízos ao produtor. 

Outra iniciativa que deverá ser enfrentada rapidamente é a dependência externa de insumos para produção agrícola. Projetos elaborados pela forte indústria do agro se beneficiariam com o fim da instabilidade cambial com a flutuação do dólar e a dependência da paz nas regiões produtoras de insumos, principalmente da Rússia e Bielorrússia, que sofrem embargos em suas exportações pelos Estados Unidos, devido a Guerra Rússia x Ucrânia.  O Brasil é um país com dimensões continentais e que precisa pensar sempre 20 anos à frente. No passado recente, com o câmbio favorável, decidiu-se pelo fechamento das fábricas de adubos e fertilizantes nacionais, por conta da importação, naquele momento, ser mais barata. Com o passar do tempo, o peso desta decisão foi sentido por todos.

Acredito que sempre é tempo de novos aprendizados. Existe capital, tecnologia e boas matérias primas para saltar a um novo patamar que produzirá riquezas, empregos e progresso duradouro para o Brasil. Esperemos boa vontade do empresariado que poderá depender menos do governo e das ideologias que estiverem em seus mandatos de plantão, podendo contar com os incentivos fiscais que servem para investimentos em bens de capital, incentivando a criação de empregos, renda e impostos.

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ROGER CUNHA NICOLINI

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